Dormir bem não é apenas uma necessidade de descanso físico e mental. Durante o sono ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio e longo prazo.
Estudos provam que quem dorme menos do que o necessário tem menor vigor físico, envelhece mais precocemente, está mais propenso a infecções, obesidade, hipertensão, problemas cardíacos e ao diabetes.
O sono é uma função imprescindível do nosso organismo para manutenção da saúde do corpo e da mente, melhorar a qualidade de vida e até aumentar a longevidade. É importante também para o desenvolvimento normal do cérebro e para os processos de memória e aprendizado. Quando adormecemos, os batimentos cardíacos também ficam mais lentos e os vasos relaxam, melhorando o fluxo sanguíneo.
É durante a noite que acontece a regeneração celular e a produção de alguns hormônios que desempenham papéis vitais no funcionamento do nosso organismo. A produção do GH, por exemplo, ocorre durante a primeira fase do sono profundo, aproximadamente meia hora após uma pessoa dormir. Entre outras funções, ele ajuda a manter o tônus muscular, evita o acúmulo de gordura, melhora o desempenho físico e combate a osteoporose. Estudos provam que as pessoas que dormem pouco reduzem o tempo de sono profundo e, em conseqüência, a fabricação do hormônio do crescimento.
O sono reequilibra o organismo produzindo, além do GH, a serotonina, o hormônio responsável pela sensação de prazer, além de impedir a acumulação de cortizol, que melhora o humor e a boa disposição. Da mesma forma, o sono aumenta à sensibilidade à leptina hormônio responsável por informar ao organismo a ausência da fome. Pessoas que permanecem acordadas por períodos superiores ao recomendado produzem menores quantidades de Leptina. Resultado: o corpo sente necessidade de ingerir maiores quantidades de carboidratos.
Com a redução das horas de sono, a probabilidade de desenvolver diabetes também aumenta. A falta de sono inibe a produção de Insulina (hormônio que retira o açúcar do sangue) pelo pâncreas, além de elevar a quantidade de Cortisol, o hormônio do estresse, que tem efeitos contrários aos da insulina, fazendo com que se eleve a taxa de glicose (açúcar) no sangue, o que pode levar a um estado pré-diabético ou, mesmo, ao diabetes propriamente dito. Num estudo, homens que dormiram apenas quatro horas por noite, durante uma semana, passaram a apresentar intolerância à glicose (estado pré-diabético).
No ser humano o sono é composto por cinco estágios e dura cerca de 90 minutos (podendo chegar a 120 minutos). Ele se repete durante quatro ou cinco vezes durante o sono. O sono divide-se em dois tipos fisiologicamente distintos - o NREM (Non Rapid Eye Movement ou \\\\\\\"Movimento Não Rápido dos Olhos\\\\\\\") que ocupa cerca de 75% do tempo do sono e o REM (Rapid Eye Movement ou \\\\\\\"Movimento Rápido dos olhos\\\\\\\"), quando acontecem os sonhos e se acorda com mais facilidade.
O sono NREM divide-se em quatro períodos distintos. O primeiro estágio do sono é uma fase transitória entre vigília e sono, onde podemos ser facilmente acordados. O segundo estágio é o tempo mais longo de sono e pode ainda ser superficial, nele se cessam os movimentos oculares e as ondas cerebrais ficam mais lentas. Há diminuição na temperatura do corpo e frequência cardíaca.
O 3ª e 4ª estágios compreendem os estágios de sono mais profundos, quando há relaxamento muscular intensificado e acontece a movimentação dos olhos. Nessa etapa o cérebro está “desligado”, e o corpo tem queda do seu metabolismo, com fluxo sanguíneo em velocidade reduzida com o objetivo de recuperar as energias gastas durante o dia. É muito difícil acordar alguém nesta última fase de sono. Depois, a pessoa retorna ao terceiro estágio (por cinco minutos) e ao segundo estágio (por mais quinze minutos). Entra, então, no sono REM.
Durante o sono REM, no estágio dos sonhos, o cérebro tem intensa atividade, além de aumentarem a frequência cardíaca e respiratória. É nesse momento que se atingem as áreas relacionadas ao estresse e emoção, diretamente manifestadas em forma de medo e ansiedade. Esta fase representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.
A interrupção ou incompletude de qualquer uma dessas fases do sono são responsáveis pelo sono de má qualidade, que em longo prazo pode prejudicar o equilíbrio do organismo e a saúde. É preciso estar atento porque a frequência de uma má noite de sono pode significar a presença dos distúrbios, que atrapalham o sono considerado normal. Medidas simples como a atenção com a postura durante o sono, com a utilização do travesseiro correto, um ambiente fresco e ventilado e uma alimentação leve antes de dormir podem auxiliar para o sono perfeito.
Riscos provocados pela falta de sono a curto prazo
Cansaço e sonolência durante o dia, irritabilidade, alterações repentinas de humor, perda da memória de fatos recentes, comprometimento da criatividade, redução da capacidade de planejar e executar, lentidão do raciocínio, desatenção e dificuldade de concentração.
Riscos provocados pela falta de sono a longo prazo
Falta de vigor físico, envelhecimento precoce, diminuição do tônus muscular, comprometimento do sistema imunológico, tendência a desenvolver obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e gastrointestinais e perda crônica da memória.