Namorar é um processo emocionante e que, ao mesmo tempo, apresenta certos desafios. Principalmente para quem está no início de uma relação, começa uma etapa de adaptação, cheia de novidades e de descoberta sobre o outro e sobre si mesmo. Conforme a convivência do casal aumenta, mais se conhece sobre as opiniões, os hábitos, a forma como se comportam e, obviamente, como cada um dorme. Aliás, muitos casais podem não ter ideia, mas dormir junto, que é sinônimo de carinho, abraços e companhia, pode se tornar um problema na relação a dois, ainda mais quando envolve a qualidade do sono, a rotina que cada um possui e possíveis distúrbios.
Segundo uma pesquisa realizada no ano passado, na Universidade da Califórnia, a falta de uma noite de sono de qualidade pode ser um dos fatores responsáveis pelo parceiro se sentir rejeitado pelo outro. Foram estudados mais de 60 casais, com idades entre 18 e 56 anos, e aqueles que declararam ter dormido mal foram os que mais tinham comportamentos egoístas no relacionamento, eram menos gratos pelos seus parceiros e eram menos atenciosos. Em consequência, o outro se sentia rejeitado e não correspondido da mesma forma que expressava seus sentimentos. Para a Consultora do Sono da Duoflex, Renata Federighi, uma das hipóteses para esse comportamento pode estar no fato de as pessoas que dormem mal ou o insuficiente, geralmente, acordarem de mau humor, sem disposição e com dores no corpo, gerando em uma má convivência com os outros. “No caso dos casais, aqueles que possuem menos ânimo ao acordar, possivelmente terão mais dificuldade em serem gentis com o parceiro, complicando o relacionamento”, afirma. Além disso, ter um padrão ruim do sono acarreta, também, em mudanças no metabolismo e deixa o organismo predisposto a uma série de complicações.
Renata ressalta que outro problema em relação ao casal e ao sono é a adaptação com o outro. É muito comum que as pessoas tenham hábitos diferentes e isso também acontece com o momento de dormir. “Algumas das queixas mais comuns entre os casais estão associadas aos distúrbios do sono, como a insônia, o ronco e apneia. Além disso, ainda existem dificuldades como a diferença no horário de se deitar e acordar; se o outro tem o hábito de usar o computador, ler ou assistir televisão, enquanto o companheiro tenta dormir; se um só dorme em ambientes escuros e o outro só consegue com um abajur; a briga pelo lençol; a constante movimentação à noite; entre tantos outros fatores que complicam a afinidade de uma vida a dois na cama”, complementa.
Caso o casal não consiga, de jeito nenhum, dividir a cama, a consultora do sono destaca que a escolha de dormir em locais separados não é uma ideia errada. “Esta pode ser uma alternativa. Inclusive, já foi comprovado que aqueles que possuíam dificuldade em dormir com outro, tiveram um sono 50% melhor quando separaram as camas”. Na verdade, marido e mulher só passaram a dividir o mesmo espaço na hora de dormir com a chegada da Revolução Industrial, no século XVIII, quando os centros urbanos começaram a ficar cada vez mais povoados e os espaços para se viver tornaram-se cada vez menores, fazendo com que o casal dormisse no mesmo quarto.
Por outro lado, se as esperanças ainda não foram perdidas, Renata afirma que não há um caminho certo para que o casal possa seguir e consiga dormir junto, mas um meio que pode ajudar é que ambos passem a não adotar costumes que prejudiquem o sono. “Há certas atitudes que são prejudiciais tanto o sono do parceiro quanto ao próprio descanso, e a pessoa não percebe. Se os dois tiverem o comportamento correto, é mais fácil que consigam uma boa noite de sono juntos”.
DORMIR DE CONCHINHA
Para muitos casais, dormir junto não é um problema. Aliás, os dois não conseguem se separar nem no sono e só dormem se estiverem abraçados. O que para muitos pode ser exagero, para a Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, é uma maneira de se acalmar.
De acordo com uma pesquisa realizada na Universidade, dormir de conchinha com o parceiro diminui o nível de cortisol no sangue, hormônio causador do estresse. A razão, segundo os pesquisadores, é porque, ao dormir com alguém, a pessoa se sente mais segura e o corpo não vê a necessidade de produzir tal hormônio, ao mesmo tempo, também estimula a produção de ocitocina (o mesmo hormônio liberado durante o sexo), que combate inflamações e ajuda o bom funcionamento do sistema digestivo.
Sendo assim, independente da forma como você dorme com o seu parceiro, é importante também estar atento a algumas dicas. Confira abaixo o que diz a especialista:
• Procure dormir ao menos oito horas por noite. Estas horas fazem com que o organismo realize todas as funções necessárias durante o período noturno, além de proporcionar um descanso merecido;
• Mantenha uma alimentação equilibrada, com horários regulares e alimentos saudáveis, ricos em fibras, muitas frutas e pouca gordura. Também é importante fazer as três refeições principais e, antes de dormir, fazer uma refeição leve;
• Utilize travesseiro em altura e suporte apropriados ao seu biótipo. Isso faz com que a postura de descanso favoreça a anatomia fisiológica da coluna, além de evitar torções e inflamações dos tecidos;
• Para dormir, dê preferência para a posição de lado e atente-se para que a coluna esteja sempre alinhada (não curvada como muitos casais fazem ao “dormir de conchinha”). É recomendável utilizar um travesseiro para apoio da cabeça, em uma altura que se encaixe perfeitamente entre ela e o colchão, formando assim, um ângulo de 90 graus no pescoço. E outro entre os joelhos, que deverão estar, preferencialmente, semiflexionados;
• Mantenha horários fixos para dormir e acordar. Isso colabora para que seu relógio biológico não seja afetado;
• Uma boa noite de sono exige um ambiente arejado. Para isso, durma em locais bem ventilados e em ambientes escuros. Foi comprovado cientificamente que a luz prejudica os ciclos biológicos e a produção hormonal, já que, quando dormimos na claridade as produções de cortisol e melatonina são interrompidas, dando uma sensação de cansaço pela manhã;
• Só vá para a cama quando tiver sono. Ver televisão, ficar no computador ou ler um livro na cama faz com que o corpo se esqueça para quê ela serve e, com isso, acabe despertando o indivíduo, podendo causar, inclusive, insônia.